TRÂNSITO : Motoristas reclamam de obra inacabada na Reta Tabajara

 Aguardadas desde 2014, as obras da Reta Tabajara, uma das vias mais importantes para escoamento da produção do Rio Grande do Norte, seguem a passos de tartaruga em 2023. A reportagem da TRIBUNA DO NORTE percorreu toda a extensão do trecho e identificou um pequeno grupo de homens trabalhando na saída de Macaíba, na Região Metropolitana de Natal. A última entrega aconteceu em abril do ano passado, quando o então ministro Marcelo Sampaio, ainda no governo Jair Bolsonaro, inaugurou uma etapa de 4,6 quilômetros da duplicação. A obra ficou de fora do plano de ações prioritárias do governo federal, anunciado pelo ministro de Transportes Renan Filho.

A previsão para conclusão das obras nos 16,6 quilômetros de extensão da via pública ficou para este ano, de acordo com Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit). No entanto, o “Plano de 100 Dias” anunciado pelo Ministério dos Transportes com orçamento de R$ 1,7 bilhão para aplicação em rodovias, pontes e viadutos até abril não contempla o Rio Grande do Norte. A TN procurou o Dnit, mas o superintendente estadual Eider Rocha está de férias. A representação nacional do órgão também foi acionada, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.

A lentidão na obra é criticada por motoristas. Prestes a completar uma década do início das intervenções, moradores e motoristas que passam pela região temem que a obra sofra novos atrasos. “A verdade é que agora do jeito que estão as coisas a gente perde até as esperanças”, diz o agricultor Wagner Ranier. “Faz tempo que a gente escuta que vão terminar essa obra e daqui a pouco faz dez anos e não termina. Até que nos últimos anos andou, mas infelizmente agora parou de novo e a gente não sabe quando é que termina porque precisa da vontade política também. É complicado”, complementa o trabalhador.

Para quem passa diariamente pelo trecho, o desafio é “exercitar a paciência”, diz o motorista de lotação Clóvis Soares. Ele faz viagens na linha Natal/Macaíba/Mossoró e afirma que o tempo na estrada mais que triplica no trecho. “Por exemplo, um percurso ali para chegar no último retorno levaria coisa de 10 minutos, mas assim a gente gasta mais de 30 minutos, 40 minutos. Em horário de pico isso aqui fica sem condições de passar porque fica muito engarrafamento, muitos caminhões com carga para outros cantos e fica impraticável”, reclama.

O cobrador Márcio Valcena diz que além da demora no trânsito, os gastos com manutenção e combustível acabam subindo. “É muita perda de tempo para todo mundo que precisa passar por aqui. O asfalto inacabado, as obras que não terminam nunca e isso tudo prejudica porque a gente gasta mais com gasolina porque fica parando, com manutenção porque desgasta o veículo. Sem falar que aqui fica praticamente impossível no fim de semana, tudo travado na sexta-feira de tarde e na segunda pela manhã porque muita gente viaja para o interior”, comenta.

Com quase 17 quilômetros de extensão, a Reta Tabajara começa entre o entroncamento das BRs-304 e 226, que é o início propriamente dito (trecho que divide veículos que vão à Natal/Currais Novos e Natal/Mossoró) à rotatória de Macaíba (trevo de Macaíba, após a passarela estaiada). É considerada uma das principais rotas de escoamento da produção potiguar e interligação entre o Porto de Natal, Aeroporto Internacional Aluízio Alves e a conexão entre a capital do Estado e a região Oeste, em especial Mossoró, próximo a Fortaleza.

O custo final para as obras é estimado em R$ 349 milhões. As obras chegaram a ser paralisadas em várias ocasiões, ora por falta de recursos, ora por suspeita de superfaturamento, pendências que foram resolvidas, segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit). Em agosto passado, o departamento garantiu que a conclusão da duplicação da Reta Tabajara ocorrerá neste ano. São necessários R$ 50 milhões para finalização do serviço.

“Até o momento, foram investidos aproximadamente R$ 230 milhões, incluindo gastos com supervisão ambiental, supervisão de obra, desapropriações e a execução da obra”, explicou o Dnit em agosto passado. Os recursos necessários para a finalização da duplicação – que segundo o Departamento estão assegurados – são R$ 50 milhões. Além disso, são necessários R$ 150 milhões para a implantação das vias marginais do trecho já duplicado, entre os municípios de Parnamirim e Macaíba.

A obra vai beneficiar diretamente 1,5 milhão de habitantes dos municípios de Natal, Macaíba, Parnamirim e São Gonçalo do Amarante. A duplicação da Reta Tabajara vai diminuir o número de acidentes na rodovia federal ao facilitar o fluxo de 50 mil veículos que trafegam todos os dias pelo local. A BR-304 é uma Rodovia Federal Diagonal, com 418 km de extensão, iniciando na cidade de Natal e seguindo até a divisa com o Estado do Ceará, conectando-se, naquele Estado, à rodovia BR-116, via de acesso à cidade de Fortaleza.

O segmento entre os quilômetros 281,0 e 308,0, conhecido como Reta Tabajara, constitui uma das principais obras de mobilidade urbana da Grande Natal. A duplicação vai proporcionar maior segurança e facilidades da trafegabilidade, na medida em que permitirá o deslocamento em duas faixas, evitando a necessidade de ultrapassagens pela contramão.



Fonte: Tribuna do Norte





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